quinta-feira, 8 de maio de 2008

Austríaco afirma que era "viciado" em abusar da filha

O austríaco Josef Fritzl, 73, acusado de ter mantido a filha no porão por cerca de 24 anos, afirmou que os seguidos abusos sexuais que praticava eram um "vício". As declarações fazem parte de comentários repassados por seu advogado, Rudolf Mayer, à revista austríaca "News" e publicados na edição desta quinta-feira.

"Meu desejo de fazer sexo com Elisabeth se tornou cada vez mais forte (...) eu sei que ela não queria que eu fizesse o que fazia com ela. Eu sei que aquilo a estava machucando. Mas era como um vício. Na verdade, eu queria ter filhos com ela", afirmou Fritzl, segundo a revista.

No entanto, o austríaco nega que os abusos tenham começado quando sua filha tinha 11 anos, como a vítima afirmou à polícia. Fritzl também disse que sabia estar fazendo mal, mas "o desejo de fazer algo proibido era mais forte".

O engenheiro eletricista aposentado deixou Elisabeth grávida seis vezes durante os 24 anos em que a manteve em cativeiro. Sobre isso, Fritzl afirmou que "se alegrava com a descendência" que produzia e que para ele era bonito "ter uma família autêntica em sua casa".

O austríaco ainda afirmou que sua família "do porão" reconhecia nele uma verdadeira liderança: "Eles me aceitaram completamente como um líder da família. Nunca se atreveram a me atacar". No entanto, Fritzl admitiu ter afirmado que a porta estava eletrificada e que o primeiro que tocasse nela morreria eletrificado.

Para justificar seu ato, o austríaco afirmou que Elisabeth deixou de respeitar suas regras quando chegou à adolescência e começou a beber e fumar. "Por isso tive de procurar um lugar onde, em algum momento, pudesse manter Elisabeth isolada do mundo exterior à força", acrescentou.

Nazismo

Sobre sua infância, Fritzl afirmou que foi criado durante o nazismo, em uma época que a disciplina significava muito. Além disso, o austríaco confirmou que levou para viver em sua casa as três crianças que considerava serem mais fracas e obrigou a filha a escrever cartas que comprovassem o suposto abandono dos filhos.

Ele também disse que havia forçado Elisabeth a escrever uma outra carta, na qual anuncia um retorno à casa de seus pais. "Eu fiquei velho", disse. Fritzl afirmou ter medo de não poder mais cuidar de sua família. O plano dele era que as vítimas relatassem que haviam vivido em uma seita em um lugar secreto e voltassem para o piso superior.

O austríaco se descreveu como um homem que valoriza a decência e as boas maneiras: "Eu não sou esse monstro que a mídia retrata. Quando eu descia ao porão, levava flores para a minha filha e livros e brinquedos para as crianças. Nós assistíamos a vídeos de aventura enquanto Elisabeth cozinhava nosso prato favorito", afirmou. "Então, nós sentávamos todos em volta da mesa e comíamos juntos", acrescentou Fritzl.


Folha de São Paulo.

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