segunda-feira, 5 de maio de 2008

Austríaco é o 'mentiroso perfeito', diz chefe de polícia

Polícia acredita que criminoso tenha enganado até a própria mulher.
Josef Fritzl trancou a filha no porão por 24 anos e teve sete filhos com ela.

A casa do austríaco Josef Fritzl na cidade de Amstetten, a 130 quilômetros de Viena, é considerada a "casa dos horrores" pelos vizinhos. No porão de 60 metros quadrados, Fritzl manteve a filha Elisabeth presa por 24 anos e teve sete filhos com ela.

O austríaco é técnico em eletrônica e tem patrimônio de 3 milhões de euros. "Este homem é um mentiroso perfeito. Um homem que sustenta uma história dessas na frente de polícia, das autoridades, de todo o mundo, de um modo assim preciso, correto, duradouro, não pode ser um louco", diz o chefe de polícia da cidade de Amstetten.

No dia 19 de abril o crime de Joseph Fritzl começou a ser descoberto. No hospital de Amstetten, a filha mais velha que Elisabeth teve com o próprio pai foi internada. Kerstin foi para a unidade de terapia intensiva em condições críticas. Foi a primeira vez em seus 19 anos de vida que ela saiu do porão da casa. Inconsciente, ela tem convulsões contínuas. Os médicos não sabem a causa do inchaço no seu cérebro.


Funcionários do hospital percebem que ela não tem marcas de vacinas e que nunca foi vista por médicos. Constatam que no seu corpo não existe a presença de vitamina D, que precisa de luz pra ser absorvida pelo organismo.Suspeita-se de uma doença típica de incesto. Os médicos querem ver a mãe da menina.


O policial Leopold Etz foi quem libertou Elisabeth e os filhos, prendeu o pai-estuprador e fez os interrogatórios. Ele infiltrou um dos seus investigadores no hospital. Na prisão subterrânea, Elisabeth viu, pela televisão, o apelo dos médicos e convenceu o pai a levá-la até a filha.


No hospital, a polícia os esperava. Leopold conta que Elisabeth demorou duas horas para falar. O policial primeiro a ameaçou, afirmando que ela tinha omitido socorro à filha. Depois prometeu que ela nunca mais veria o pai. Então, a verdade veio à tona.

Amarrada no escuro

Em agosto de 1984, quando Elisabeth tinha quase 18 anos, Joseph Fritzl foi ao quarto da filha e mandou que ela o seguisse. Com um lenço encharcado de éter sedou a moça, prendeu-a com algemas e a levou ao porão da casa.


Para não levantar suspeitas, Joseph denunciou o desaparecimento de Elisabeth à polìcia. Ela foi procurada por toda a Áustria. Até que uma carta, com a letra da filha, deu fim às buscas. Elisabeth pedia que não a procurassem.

O acesso ao porão é feito por uma porta de concreto de 300 kg. Sob o jardim ficam três cômodos: um com duas camas de solteiro. No meio, banheiro e cozinha, e um último quartinho com uma cama de casal e TV. Dentro do porão, sozinha, sem direito a um médico, Elisabeth deu a luz a sete filhos.

Filhos do pai

Kertin, de 19 anos, que está no hospital, Stefano de 18 anos e Felix de 5, viviam com Elisabeth no porão. Lisa, Monica e Alexandre foram tirados do porão com poucos meses de vida e deixados na porta de casa, como se a mãe os tivesse abandonado.



Todos os seis filhos são comprovadamente frutos do incesto. Um deles morreu depois de três dias de vida. Joseph queimou o corpo do bebê na estufa onde queimava também o lixo produzido por eles.

Joseph Fritzl ia ao cárcere todas as manhãs. Levava comida que comprava nas cidades vizinhas, para não ser visto. Levava batatas, enlatados, macarrão e água. Raramente frutas e verduras. Doces, quase nunca. Detergente, sabão e roupas. Quando violentava Elisabeth, trancava os filhos no outro quarto. Segundo a polícia ninguém mais veio ao porão.

O dono da casa

A polícia também diz que tem tudo para acreditar que a mulher Rosemaire, com quem Joseph teve outros sete filhos, não sabia de nada. O psiquiatra Reinhard Haller, que agora cuida da família, concorda: "Esse homem era um déspota que espalhou um grande terror, que impediu que qualquer pessoa fizesse perguntas como 'por onde você andou?' ou 'onde você passou todas essas horas que esteve fora?'", afirma o psiquiatra.


Quando Elisabeth deixou a prisão imposta pelo pai, 24 anos depois, tinha todos os cabelos brancos, todos os dentes cariados e o rosto muito arranhado. No seu mundo de 60 metros quadrados, por mais de duas décadas entraram pouca comida e só dois tipos de remédio: para dor de cabeça e dor de dentes.


Em uma prisão a duas horas da cidade, o pai de Elisabeth tem um companheiro de cela. A polícia teme que ele tente o suicídio. Não é a primeira vez que Joseph Fritzl vai para a cadeia. No passado, foi condenado e cumpriu pena por estupro.


G1.

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