segunda-feira, 5 de maio de 2008

Bebê de 39 dias assassinado em Londrina





Segundo a polícia, autor do crime seria o pai da criança. Ontem, moradores de assentamento onde ocorreu o homicídio incendiaram a residência onde a família morava.

O caso chegou ao telefone 192 do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) como um pedido de socorro a uma criança que se engasgara com o próprio vômito. Era por volta das 7h15 de ontem. Aproximadamente duas horas depois, o bebê, uma menina de 39 dias, estava morto. Os médicos diagnosticaram que Jussara da Silva Bernardo apresentava fraturas nas duas pernas, em um dos braços, escoriações em ombro e traumatismo craniano.

Médicos do Hospital Infantil acionaram a Polícia Civil e o pai de Jussara, Edson Bernardo, 26 anos, foi preso em flagrante acusado de homicídio qualificado. Posteriormente, em depoimento ao delegado Lanevilton Moreira, ele teria confessado o crime.

De acordo com o médico Carlo Caviglione, gerente do Samu, uma ambulância foi solicitada por moradores do assentamento Nossa Senhora Aparecida, que fica ao lado do Jardim São Jorge (Zona Norte), no começo da manhã. A informação era de que um bebê havia aspirado vômito e estava mal.

Uma viatura de suporte básico foi para o local e encontrou Jussara em parada cardíaca. Então, uma outra ambulância, de suporte avançado e com um médico, foi para a zona norte da cidade.

Os primeiros socorros foram feitos, a parada cardíaca revertida e a menina chegou em estado gravíssimo ao Hospital Infantil, sendo internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Porém, o bebê não resistiu aos ferimentos.

Na delegacia, a mãe da menina, uma mulher de 26 anos, qualificada pelo delegado como testemunha, relatou que Bernardo teria desferido socos e tapas na única filha do casal porque a criança não parava de chorar e estava atrapalhando o sono dele. Ainda segundo a mãe, não foi a primeira vez que ele agrediu a criança.

Questionado pela imprensa, mostrando-se confuso, o acusado declarou inocência e enfatizou ter problemas mentais. Ele acusou a mãe da menina de ser a assassina. ''Eu tenho problema de saúde mental. Minha parte eu fiz. Eu salvei a menina. O Brasil precisa saber a verdade. A criança foi agredida pela mãe''.

Contudo, ao delegado, Bernardo teria relatado uma versão diferente. ''Ele disse que praticou as agressões por conta do medicamento que toma e que está arrependido'', informou Lanevilton Moreira.

O corpo de Jussara foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para exames. ''O IML confirmou que a morte foi causada por trauma crânio-encefálico e em membros inferiores, o que é compatível com socos e tapas. As agressões devem ter ocorrido por volta das 5h'', ressaltou o delegado, que também disse ter tomado depoimentos de vizinhos do casal que indicaram que o acusado tinha um comportamento arredio com a filha.

Na casa onde a família morava, a polícia recolheu remédios que eram utilizados por Edson Bernardo. Ele será submetido a exame de sanidade mental para confirmar se realmente sofre de algum distúrbio psiquiátrico.

Revolta

A reportagem da FOLHA esteve no assentamento Nossa Senhora Aparecida. Moradores disseram que o casal se mudou há pouco tempo para lá, quando a mãe de Jussara estava nos últimos dias de gravidez.

Eles não eram os donos da pequena casa de dois cômodos e banheiro. Um vizinho disse que um senhor, funcionário público, emprestou a casa para que a família morasse. Esse mesmo vizinho, pedindo anonimato, relatou que sempre ouvia o bebê chorar durante a madrugada.

Por volta das 16h30 de ontem, o clima de tranquilidade dos moradores da região deu lugar à revolta. Um grupo saqueou, apedrejou e incendiou o que era a moradia da família.

A mãe da menina foi encaminhada para uma casa que abriga mulheres vítimas de violência. O pai está preso. A pena para homicídio qualificado é de 12 a 30 anos. A polícia vai investigar uma suposta omissão da mãe em relação às agressões que a filha sofria. A mulher afirmou nunca ter apanhado do companheiro.


Folha de Londrina.

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