sábado, 24 de maio de 2008

Brasileiros terão que reaprender ortografia da língua portuguesa




Acordo entre quatro países permitirá 'unificação' ortográfica.
Documento não definiu ainda todas as regras, mas várias coisas devem mudar.

Na hora de enfrentar papel e caneta, nem sempre o bom português está na ponta da língua. E em breve os brasileiros terão que se adaptar a mudanças.

É que quatro países de língua portuguesa, Brasil, Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe já chegaram a um acordo de unificação da ortografia.

Acaba de ser publicado o primeiro dicionário com as mudanças previstas no acordo ortográfico.


As dúvidas são comuns numa língua tão rica. Com o estudo e a prática, as pessoas absorvem os padrões de acentuação e ortografia do português. Mas agora elas terão de reaprender. Palavras como assembléia e idéia não terão mais acento.

Depois de quase um século de discussões, a unificação da ortografia deve facilitar a edição de livros e documentos e encorajar o intercâmbio entre as culturas.

"Até nos adaptarmos à nova forma, estaremos sempre cometendo alguns erros na escrita", diz a professora Eliene Aparecida de Souza. "Com o tempo, as coisas se encaixam."

Para alunos como Lucas Barbosa dos Santos, 14, que começava a aprender, as mudanças dificultam. "Complicou tudo de novo", diz.

Algumas mudanças serão bastante notadas. Saem os acentos circunflexos de verbos como lêem, vêem e crêem. O hífen aparecem em palavras como reescrever e reeleger, mas some de palavras como anti-religioso, que ganhará um "r". E o trema, que muita gente já não usava em palavras como tranqüilo e lingüiça, caiu de vez.

E em algumas palavras será aceita a dupla grafia: por exemplo, a palavra econômico (atual grafia brasileira) também poderá ser escrita com acento agudo: económico (atual grafia portuguesa).

E quem tem nomes com as letras K, W e Y pode comemorar: esses caracteres voltam a figurar oficialmente no alfabeto da língua portuguesa. "Minha letra não estava lá, mas agora vai ser incluída, e isso vai ser bom", diz Kelly Souza Amorim, 13.

As novas maneiras de escrever velhas palavras já estão reunidas no primeiro dicionário com as mudanças previstas no acordo ortográfico. Ele é volumoso, como a maioria dos dicionários, mas ninguém precisa se assustar. As alterações não são tantas, e haverá tempo para se acostumar com elas.

A nova ortografia deve entrar em vigor em janeiro do ano que vem e estará nos livros didáticos em 2010. Teremos três anos para assimilar a grafia das palavras. Um universo que está sempre em transformação, como prova o "caracter" de Macunaíma, grafado em 1926 com uma letra "c" extra.

"A língua é aquilo que abre nossa mente, é aquilo que nos possibilita compreender o mundo", diz José Luiz Fiorin, professor de linguística da USP. "Portanto, a língua nos faz mais humanos."


G1.

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