terça-feira, 20 de maio de 2008

Curitiba registra 320 casos de violencia sexual contra crianças

Dado que já é alarmante, para período de quatro meses, pode ser ainda maior
Curitiba- Em apenas quatro meses, os conselhos tutelares de Curitiba registraram 320 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. O dado, que já é alarmante, pode ser muito maior -suspeitam os conselheiros-, considerando que a maioria dos casos acontece em ambiente familiar e, por isso, muitas vezes, não é denunciada. Em 57,81% dos casos registrados no período de 15 de janeiro a 15 de maio deste ano, na Capital, os agressores eram membros da própria família.

O diagnóstico da violação dos direitos de crianças e adolescentes foi apresentado em audiência pública, na tarde de ontem, na Câmara Municipal de Curitiba. O encontro foi promovido pela Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente da Câmara Municipal de Curitiba, em referência ao Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual contra a Criança e o Adolescente, comemorado no dia 18 de maio.

Para o presidente do Conselho Tutelar da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), Marcos Serafim Furtado, os casos de violência sexual têm relação com a falta de políticas públicas, que garantam acesso à educação, e à desestruturação da família. Sua afirmação tem por base a coincidência entre os registros de violação dos direitos fundamentais e os casos de abuso sexual.

A regional CIC do conselho tutelar concentrou quase um terço das denúncias de violência sexual. É nessa região que foi apontado o maior índice de violação dos direitos à educação, cultura, esporte e lazer (1.618 registros) e o segundo maior de violação aos direitos à convivência familiar e comunitária (816 casos). ''Se essa criança vítima de abuso sexual estivesse em uma creche ou escola ela não estaria exposta a uma situação de risco'', destacou.

Furtado, que também é psicólogo, apontou, ainda, a necessidade de criar serviços de atendimento às vítimas de violência sexual, em cada uma das nove administrações regionais de Curitiba para facilitar o acesso. Hoje, só há um ponto de atendimento próximo ao Hospital Cajuru. ''A criança é ainda mais violada quando não se dá o tratamento adequado'', opinou o conselheiro ao falar do comprometimento psicológico das vítimas de abuso sexual.

O líder da bancada do PT e integrante da Frente Parlamentar, vereador Pedro Paulo, concorda que é preciso atacar o problema com políticas públicas direcionadas e criando uma rede de proteção mais abrangente. ''Acredito que essa é a mais importante iniciativa da frente parlamentar: fiscalizar e exigir que o orçamento do município contemple ações nessa área'', afirmou. Segundo o vereador, os dados apresentados na audiência farão parte de um relatório que será entregue à Prefeitura de Curitiba e ao Ministério Público (MP) estadual.


Folha de Londrina.

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