sábado, 10 de maio de 2008

Depois de cinco anos, acusados de atropelar Fabiula vão a julgamento, em junho

Fabiula Coalio morreu atropelada em 2003, na Avenida Colombo, durante um racha; os réus vão a júri popular após terem recorrido várias vezes em Curitiba e Brasília.


Após quase cinco anos, Luiz Cavicchioli Forini e Marcos Jesus da Silva serão julgados por júri popular provavelmente no final de junho. Eles respondem pelo crime de homicídio simples doloso na modalidade crime eventual, de Fabiula Regina Coalio.

Ela tinha 12 anos e morreu no dia 19 de agosto de 2003, após ser atropelada por Silva. Ele disputava um racha com Forini, na Avenida Colombo, próximo ao cruzamento com a Avenida Paraná, em Maringá.

Segundo o assistente de acusação, Israel Moura, no processo que tramita na 1ª Vara Criminal, o homicídio simples doloso na modalidade eventual é definido pela não intenção de matar dos réus, mas que, mesmo assim, assumiram o risco de morte de terceiros ao disputar o racha.

Forini e Silva dirigiam dois veículos Ômega com os faróis apagados e em alta velocidade quando Fabiula foi atropelada.

“Ela esperava rente à calçada para atravessar a Avenida. Um dos carros a atingiu e ela foi arremessada a 66 metros de distância e atingiu a altura dos fios de alta tensão. Nenhum deles prestou socorro”, lembrou.

Moura disse ainda que, não fossem os recursos impetrados pelos réus em Curitiba e Brasília, com a intenção de qualificar o crime apenas como acidente de trânsito comum, o processo já teria sido finalizado há aproximadamente três anos.

Apesar das tentativas, o Tribunal de Justiça, em Curitiba, também considerou o caso um homicídio doloso na categoria eventual. Brasília negou o recurso da defesa. “Disseram que não era o tipo de processo para recorrer a Brasília”, contou o assistente de acusação, Isarael Moura.

Se forem condenados, Forini e Silva podem pegar de seis a 20 anos de prisão.

“Esperamos que sejam condenados, porque a morte de Fabiula não é equivalente a uma acidente ocorrido por mera distração ou falha mecânica. Eles assumiram o risco de morte e desprezaram a vida humana”, avaliou o assistente de acusação.

Um dos advogados de defesa, Laércio Nora Ribeiro, revelou que, quando o julgamento ocorrer, o argumento utilizado será, realmente, o de um acidente de trânsito, que, no caso de Fabiula, caracterizaria homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar.

“Eles (réus) não saíram na rua com a intenção de matar aquela criança. Basta se sentar à frente de um volante e trafegar ou andar pela cidade para correr riscos”, argumentou Ribeiro.

Ao contrário da tese defendida pelo assistente de acusação, a defesa também alegará que Fabiula atravessou correndo a Avenida Colombo e, por conta disso, foi atropelada. “Foi um acontecimento infeliz”, disse Ribeiro.

Família

Márcia Regina Escandinari Coalio, mãe de Fabiula, disse ter esperança na Justiça. “Sei que mesmo com a prisão deles (réus), minha filha não vai voltar, mas acredito que justiça será feita.”

Depois da morte de Fabiula, Márcia contou que a família “desmoronou”. A mãe encontrou forças nos filhos mais velhos, de 18 e de 23 anos, que precisavam dela.

“Mesmo assim, não esquecemos dela um dia sequer. Não se supera a perda de um filho. Acostumei-me com a falta dela, mas ainda pego o pijama que minha filha usava e sinto o cheiro dela.”


O Diário do Norte do Paraná.

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