domingo, 4 de maio de 2008

Entrevistas de emprego são como encontros amorosos. Só tenha cuidado para não deixar que as coisas se misturem

Já foi dito que uma entrevista de seleção é como um encontro romântico (ou vice-versa). Eu tive certeza disso, mas, para a ciência, é uma hipótese que vale a pena ser investigada. Primeiro, há similaridades. Ambos exigem que você se arrume bem, esteja bem informado, interessado e tenha passado o fio dental. Ambos também envolvem uma vaga e o nervosismo desagradável de estar sendo julgado em um evento especialmente organizado para um motivo específico.

Ainda quero conhecer alguém que se divirta com rejeições. E, ultimamente, "nós ficaremos com seus dados" e "te ligo amanhã" significam a mesma coisa. O mesmo paralelo funciona para as desculpas "você tem um perfil superior ao necessário para o cargo" e "o problema não é você, sou eu".

Processos cada vez mais estressantes

As diferenças são aparentes. Você dificilmente vai a um encontro com pessoas que irão lhe julgar. E, raramente, vão lhe perguntar se já enfrentou desafios ou conflitos éticos em sua vida pessoal, acadêmica ou profissional. Se isso ocorrer, o seu "par" certamente não vai fazer uma pesquisa para saber como você lidou com os problemas.

Quando a pessoa que está lhe avaliando durante a entrevista fizer sinais de consentimento com a cabeça, anotações sobre o que você disse e comentários com pessoas próximas, você está liberado para ir embora. E entrevistas raramente terminam com um argumento emocional ou um beijo apaixonado. A menos que você tenha realmente impressionado o chefe do RH.

Na medida em que o mercado de trabalho fica mais flexível e as pessoas trocam de emprego com maior freqüência, o processo seletivo se torna mais complicado e estressante. Testes psicotécnicos e dinâmicas de grupo se tornaram uma norma nas grandes empresas. Depois do recrutamento, vem a primeira, a segunda, a terceira entrevista. Esses testes e o fato de você precisar ficar "pulando com uma venda nos olhos sobre chamas" deixam qualquer um estressado.

Sem falar nas situações em que você tem de trabalhar com seus concorrentes. Uma vez, tive de sentar com quatro dos meus piores rivais e ouvir atentamente suas idéias em um grupo de discussão. Cria-se um ambiente terrível, em que você é forçado a encontrar seus concorrentes e desenvolver uma conversa mole enquanto um a um vai sendo eliminado. Eu vejo isso como se fosse um reality show da TV.

Técnicas de livros podem confudir

Falando em fazer dinheiro com a miséria alheia, encontros românticos e entrevistas são temas de incontáveis livros. Porém, você deve evitar que títulos como The Professional Bachelor (O solteirão profissional) e guias de entrevista como Job Interviews for Dummies (Entrevistas de Emprego para Idiotas) o confudam. E deve ter cuidado ao aplicar técnicas - um amigo meu aprendeu que deveria fazer exercícios nas cordas vocais e mandíbulas antes da entrevista. Certa vez, ele foi ao banheiro antes de ser chamado, produziu sons como se fosse um cachorro e falou como Winston Churchill.

Claro, se você quiser ser um caçador de empregos mais sutil, irá esconder seus livros e deixará seus exercícios sonoros em casa. Mas, a quantidade de tempo que você se dedica para impressionar um potencial empregador hoje em dia faz com que seja impossível esconder qualquer coisa.

Pelo menos, um encontro dura apenas uma tarde. Mas a rejeição em uma entrevista é algo pessoal, mesmo que você finja que é apenas uma questão profissional, que os gestores preferiram contratar algum interno da empresa. Na verdade, com o nível de auto-enganação das pessoas, existem mais similaridades entre os dois tipos de encontros do que eu pensava.


Zero Hora.

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