segunda-feira, 19 de maio de 2008

Madrasta de Isabella permanecerá isolada em presídio até sexta-feira

Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella Nardoni, continuará em regime de isolamento na penitenciária feminina de Tremembé até a próxima sexta-feira, dia 23. Para se distrair na prisão, ela recebeu dos pais neste fim de semana dos livros do espírita Allan Kardec e um sobre doutrinas constitucionais, provavelmente para ajudá-la a entender as leis que a mantêm presa e o andamento do processo judicial, na qual ela e o marido respondem pela morte de Isabella Nardoni, 5 anos, asfixiada e jogada pela janela do apartamento do casal.

O advogado Ricardo Martins disse que não houve uma prorrogação do prazo de isolamento e que o regime de observação dentro do presídio é de 15 dias.

Pela primeira vez desde que teve a prisão preventiva decretada, Anna Carolina recebeu a visita dos pais neste domingo e voltou a dizer à família que é inocente. Ela afirmou que não teme o fim do isolamento, pois conviverá de 'cabeça erquida' com as demais presas. Na chegada ao presídio, a mãe dela colocou uma blusa no rosto para não ser fotograda ou filmada pela imprensa.

- Ela disse "Pai sou inocente. Vou sair de cabeça erguida e vou para o convívio com as demais presas. Não devo nada, sou inocente e Deus há de provar a minha inocência" - contou Alexandre Jatobá ao sair do presídio, após 2 horas e 20 minutos.

A penitenciária abriga 180 mulheres, entre elas Suzane Richthofen, que cumpre 39 anos de prisão pela morte dos pais.

O encontro da família ocorreu na capela da penitenciária. Segundo o pai, ele, a filha e a mãe choraram bastante. Além dos livros, ele levou comida, cobertores e roupas.

Anna Carolina não deverá ver os filhos enquanto estiver presa. Alexandre Jatobá afirmou que as crianças não serão levadas à penitenciária para vê-la. Segundo ele, Anna diz não ter sido hostilizada dentro do presídio. Por isso, quer sair do isolamento.

Alexandre Jatobá explicou que sua mulher escondeu o rosto porque quer ser preservada para cuidar dos dois filhos do casal, de 1 ano e de 3 anos. As crianças, afirmou, precisarão ser levadas pela avó à escola e a passeios e, para o bem dos próprios netos, o melhor é que não seja reconhecida.

A madrasta de Isabella Nardoni teria emagrecido muito e tem recebido atendimento psicológico na prisão. Na sexta-feira, foi visitada por um médico, por apresentar distúrbios intestinais provocados por nervosismo. Teria, inclusive, tido uma hemorragia.

A visita deste domingo atraiu a atenção dos moradores da cidade. Cerca de 50 pessoas cercaram o carro de Alexandre na saída, mas não houve tumulto.

Acusada de esganar e asfixiar Isabella, Anna Carolina não tem diploma universitário e, portanto, não tem direito a cela especial. Ela e o marido respondem pelo mesmo crime, de homicídio triplamente qualificado e por fraude processual.
Pai de Isabella divide cela com dois

O pai de Isabella, acusado de jogar a menina ainda viva pela janela do apartamento, no sexto andar, foi transferido para Tremembé na madrugada de sábado.

Segundo informações de funcionários do presídio, ele divide uma cela com outros dois presos. Alexandre tem também recebido visitas constantes do pai, o advogado Antonio Nardoni, responsável pela contratação dos advogados de defesa do casal.

No sábado, primeiro dia do filho no novo presídio, Antonio Nardoni conseguiu visitá-lo e passou meia hora com Alexandre. Na saída, afirmou que o filho 'está mais seguro' no interior.

Antonio Nardoni disse que Alexandre ficou decepcionado com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou o pedido de habeas corpus.

- Ele recebeu a notícia como eu recebi, um pouco chateado. Aguardávamos uma decisão melhor. Infelizmente, é assim mesmo - comentou.

Os advogados do casal ainda vão decidir se entram com novo habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) ou se aguardam o julgamento do mérito do habeas corpus no STJ, ainda sem data para ocorrer. Também o Tribunal de Justiça de São Paulo ainda não julgou o mérito do pedido de liberdade, o que deve ocorrer em junho. A defesa alega que não há motivo para a prisão preventiva do casal. O STF é a última instância.
Decisão rápida

A decisão do STJ demorou menos de 24 horas. O Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, do STJ, seguiu a decisão da Justiça paulista, que manteve o casal preso enquanto aguarda o julgamento. O advogado Rogério Néri, um dos que defendem o casal, disse ter ficado surpreso com a rapidez.

Maia Filho disse em seu despacho que a decisão do desembargador Caio Canguçu de Almeida, do Tribunal de Justiça paulista, "expõe com fundamento e lógica, com pertinência e conclusividade, a necessidade de excepcionar uma importantíssima conquista cultural (direito à liberdade), quando diante da situação em que outro valor, igualmente relevante, se ergue e se impõe como merecedor de prioridade".

O mérito do habeas corpus deverá ser analisado pela Quinta Turma do STJ.

O primeiro depoimento do casal está marcado para o dia 28 de maio.


O Globo.

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