quinta-feira, 29 de maio de 2008

Mas quem disse,
quem falou
que a tal da bala perdida
com a vida de alguém acabou
ou em algum corpo se alojou?
Foram os noticiários,
ou, apenas, comentários?

Isso é tudo invenção,
nenhuma bala é perdida,
ela é sempre enviada
pra acabar com alguma vida
ou, então, é disparada
pra deixar um corpo saudável
em estado lastimável.

Mas que bala perdida que nada!
Nenhuma delas nunca se perdeu,
todas encontraram seu destino
que, por puro acaso,
ainda não foi você, nem eu.

E ainda dizem que elas
não têm um caminho a percorrer.
Mentira, elas só faltam dizer;
pronto, peguei você,
agora vou lhe matar
ou, do seu corpo me apoderar,
e aniquilá-lo até você definhar.

Que conversa é essa de bala perdida?
Como é possível tantas balas se perderem,
tantas pessoas se esquecerem
que quando colocam o dedo no gatilho
acabam sempre matando algum filho
e destruindo a vida de alguma mãe.

Não importa se a bala vem
daquele que é mau e não tem piedade
ou se vem daquele que se julga herói,
que pensa defender toda a sociedade
estando, completamente, despreparado
e, muitas vezes, desorientado.

Não venham agora me dizer
que a grande culpada
é aquela bala que foi comandada,
que foi, ferozmente, encaminhada
e que pouquíssimas vezes sai derrotada.

Os grandes e verdadeiros culpados
estão bem resguardados
em seus carros blindados,
circulando, por aí, bem escoltados.

Enquanto isso a dita bala perdida
circula pelo morro
e desce até o asfalto
enquanto muitos gritam socorro
e fogem dos tiroteios
em meio aos assaltos.

Nenhuma bala nunca se perdeu,
elas se acharam
no corpo de algum amigo seu,
no de crianças e jovens inocentes,
no de trabalhadores decentes
no de filhos amados, de pais adorados.

Enquanto isso famílias são destruídas
e, revoltadas, clamam pelo direito à vida,
o direito de ir e vir
e de suas casas poderem sair
sem o medo de não voltar.

Agora a vida pode terminar
em qualquer lugar,
ali na sua esquina,
até mesmo, no seu portão,
em pleno trânsito,
no meio da multidão.

Quem será que poderá
com esse problema acabar?
Se é que existe alguém
interessado em aprisionar
balas que nunca estiveram perdidas,
resguardando, assim, tantas vidas.

Acho que só nos resta a fé, a oração,
o pedido eterno de proteção
para nós e nossos entes queridos,
nossos amigos e para toda a população
pois, fomos esquecidos pelos governantes
que andam ocupados com a corrupção.


(Silvana Duboc)

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