terça-feira, 6 de maio de 2008

Entrevista - Laila Said

Em entrevista, a atual presidente da Associação Brasileira de Magistrados e Promotores da Infância e Juventude (ABMP), Laila Said Schukair, afirma que houve sensacionalismo por parte da imprensa durante a cobertura do caso de um adolescente de 12 anos que confessou diante das câmeras de TV seu envolvimento em um assassinato em Florianópolis (SC).

O fato reacendeu as discussões sobre a redução da maioridade penal. “Na minha opinião, a mídia é mal preparada [para falar sobre a realidade de adolescentes em conflito com a lei]. Nós explicamos para os jornalistas sobre a violência dos jovens, as causas, que os números não são tão grandes, que existem estatísticas. Mas o foco fica sempre no adolescente. A gente percebe uma ausência de escuta”, afirma.

A promotora alerta que ainda há jornalista que usa o termo ‘criança’ para se referir aos filhos de gente rica, e a palavra ‘menor’ para os de mesma idade, mas filhos de pobres. “E olha que a gente esclarece sobre o assunto”.

Segundo ela, para contribuir com a questão, a mídia precisa contextualizar o assunto. “Quando se tem o envolvimento em um ato infracional é preciso, também, denunciar as falhas do sistema de proteção. Ele já praticou outros atos; quais foram as medidas que já cumpriu; se cumpriu, porque não funcionaram; como funciona o centro de internação onde ele ficou; freqüentava escola; usava drogas, recebeu algum tratamento, o que o Estado ofereceu para ele? É preciso olhar para estas realidades e não apenas tornar o jovem infrator um demônio”, finaliza.

Fonte: Diário Catarinense (SC)– (08/04)

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