quarta-feira, 21 de maio de 2008

Mãe de adolescente acorrenta filho para afastá-lo das drogas em MG

Em São Gonçalo do Sapucaí, no interior de Minas Gerais, a polícia flagrou o gesto desesperado de uma mãe para livrar o filho das drogas. Após tentar interná-lo, ela o acorrentou em uma parede de casa. Segundo a polícia, mãe não será indiciada, pois adolescente não foi maltratado.

- Bastou um ano para que a primeira experiência com o crack virasse um vício sem limites. Começou a sumir coisas de casa. Perguntei e ele dizia, emprestei para um colega, ele vai entregar mais tarde. Sumiram tênis, calças, blusas - relata a mãe do adolescente, Cristina de Cássia dos Santos.

Com um mandado judicial, a mãe tentou internar o adolescente em uma clínica, mas ela não aprovou as instalações do local. Por isso, na semana passada tomou uma atitude desesperada.

- No outro dia, fui ao armazém, comprei a corrente, acordei-o e falei, a partir de hoje vou acorrentar você porque não agüento mais. Ele falou, pode acorrentar porque não agüento mais sofrer - conta Cristina.

A corrente foi fixada na parede e a outra ponta em um dos pés do menino. Ele podia ter acesso à sala, ao quarto e ao banheiro. Preso, passou a se sentir mais seguro.

- Não vejo a cara dos amigos, não vejo ninguém para oferecer dinheiro para ir lá comprar - afirma o adolescente.

A prisão durou seis dias. Na terça-feira, o Conselho Tutelar e a Polícia Militar foram até a casa e pediram que o jovem fosse libertado. Segundo o delegado Wellinton Clair de Castro, a mãe não deve ser indiciada.

- Ele permitiu que fosse acorrentado. Tinha acesso a todos os cômodos da casa e recebia as refeições. Não foi maltratado, por isso a mãe não pode ser incriminada - explica.

O adolescente fez exames em um hospital que vão comprovar se ele foi vítima de violência. Nesta quarta-feira, ele será levado para um centro de recuperação. Apesar do sofrimento, o jovem não condena a atitude da mãe.

- Ela é mãe, está fazendo para o meu bem. Nenhuma mãe quer ver o filho assim morrendo nas drogas - diz o adolescente.


O Globo.

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