terça-feira, 27 de maio de 2008

Os nossos Sherlock Holmes

Peritos criminais revelam como é o dia-a-dia da profissão e qual é a formação necessária para trabalhar na área.


O mistério envolvendo a morte da menina Isabella, arremessada do sexto andar de um edifício na zona norte de São Paulo, chamou a atenção para o trabalho dos peritos criminais, profissionais especializados em produzir provas técnicas (ou materiais, como também são chamadas) mediante a análise dos vestígios deixados no local do crime. Com tecnologia avançada e treinamento de ponta, eles desvendam todos os enigmas de casos tidos como insolúveis. “O trabalho do perito orienta as investigações. Ele fornece as provas técnicas que determinarão se houve ou não um crime e de que forma ele ocorreu. A perícia também é capaz de identificar o autor (ou autores) do delito, se forem encontradas pistas como impressões digitais”, revela o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Octávio Brandão Caldas Netto.

Ele explica que a prova material é indispensável nos crimes que deixam vestígio, não podendo ser dispensada sequer quando o criminoso confessa a prática do delito. “A prova técnica é considerada a mais importante, pois as testemunhas podem mentir e os documentos apresentados no processo podem ser falsificados”, afirma. De acordo com Caldas Netto, os peritos, após a localização dos vestígios, realizam exames laboratoriais para transformá-los em provas. “Se a equipe acha uma mancha de sangue, ela é encaminhada para o laboratório, onde o perito faz a verificação do DNA”, exemplifica.

Diploma

Para trabalhar como perito, explica o presidente da APCF, é necessário apresentar diploma de curso superior e realizar concurso público para a polícia federal ou para a polícia científica do estado. No último caso, o profissional pode ter cursado qualquer graduação. Já para o cargo de perito federal é necessário apresentar formações específicas. “Existe um decreto que lista os cursos exigidos para a função de perito federal. E, de acordo com a formação acadêmica do profissional, ele será direcionado para um segmento específico da perícia”, ressalta Caldas Netto, lembrando que há vagas para peritos em informática, engenharia e meio-ambiente, entre outras áreas.

O concurso para perito federal apresenta várias fases e inclui prova escrita (que varia conforme a formação acadêmica do candidato), teste de aptidão física, exame psicológico e avaliações médicas. Dependendo da área de atuação, a concorrência pode chegar a 500 candidatos por vaga. Os aprovados passam por um curso de formação de aproximadamente quatro meses, durante o qual estudam disciplinas ligadas à perícia e participam de treinamentos policiais. “Este curso ocorre na Academia Nacional de Polícia, em Brasília. Lá, o profissional passa por treinamento de tiro, aulas de defesa pessoal e atividades de condicionamento físico”, conta Silvino Schlickmann Junior, chefe do Setor Técnico-Científico da Superintendência da Polícia Federal no Paraná.

Formado há oito anos no curso de Ciências da Computação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ele foi selecionado no concurso público para peritos federais realizado em 2001. “A minha preparação para o concurso foi a minha graduação. Aconselho quem se interessa pela área a fazer um bom curso superior e a adquirir experiência prática em sua área de formação, pois a prova cobra a aplicabilidade de conceitos”, orienta. O concurso para perito estadual é semelhante ao federal, mas, no Paraná, a prova não inclui testes de avaliação física. “Durante o curso, o aluno também não tem treinamento policial, pois entendemos que o perito passa a maior parte do tempo em laboratório e não precisa participar de ações ostensivas”, afirma o chefe da divisão administrativa do Instituto de Criminalística do Paraná, Márcio Borges de Macedo.



Formação superior

O decreto 5.116, de 24 de junho de 2004, determina que, para trabalhar como perito criminal federal, é necessário ter diploma de graduação em cursos como:

Química Física Farmácia Ciências Contábeis Biologia Engenharia Civil Engenharia Ambiental Engenharia Elétrica Engenharia Eletrônica Engenharia Mecânica Medicina Veterinária Ciências da Computação Processamento de Dados Biomedicina Medicina Odontologia Economia



Salários

A remuneração média inicial varia conforme a esfera de atuação:

Perito federal: R$ 13 mil

Perito estadual: R$ 4,5 mil



Gazeta do Povo.

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