domingo, 4 de maio de 2008

Polícia usa testemunhas para mostrar que pai e madrasta de Isabella mentiram logo após o crime

O inquérito que apura a morte de Isabella Nardoni, 5 anos, reúne cinco depoimentos de testemunhas que afirmam que o casal Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, disse ter tido o apartamento arrombado e que o pai de Isabella chegou até mesmo a dizer ter encontrado o bandido armado. Para a polícia, os depoimentos provam que Alexandre e Anna Carolina mentiram desde o primeiro instante da morte da menina para tentar se livrar da culpa. A delegada Renata Pontes, do 9º DP, afirma que os dois mentiram de forma dissimulada, desprezando o bom-senso, a vizinhos e policiais. Até terça-feira, o promotor Francisco Cembranelli deve denunciar o casal por homicídio e endossar o pedido de prisão preventiva feito pela polícia.

Além do porteiro do edifício London e do morador do 1º andar, Antônio Lúcio Teixeira, mais três testemunhas afirmam no inquérito que Alexandre Nardoni afirmou que um ladrão havia arrombado seu apartamento. Horas depois, na delegacia, acompanhado de advogado, ele contava a versão de que tinha trancado a porta do imóvel após ter deixado Isabella dormindo em sua cama.

Vários vizinhos ligaram para a polícia pedindo ajuda logo após a queda de Isabella, menos o casal.

Waldir Rodrigues de Souza, morador do edifício London; Luciana Ferrari, moradora do 4º andar do prédio ao lado, e Joyce Kolle Vergara Marques, moradora do Condomínio Torres de Santa Leocádia, disseram ter ouvido o pai de Isabella falar do suposto ladrão.

Waldir Rodrigues de Souza contou à polícia que Alexandre dizia que o bandido estava armado. Salientou que o pai de Isabella estava mais preocupado em dizer que havia bandido no prédio do que com a gravidade dos ferimentos sofridos pela filha. Foi a mesma impressão que teve a vizinha Luciana Ferrari. Ela confirmou à polícia que o pai de Isabella dizia ter dado de cara com o bandido armado.

Luciana estranhou o fato de que Anna Carolina Jatobá, criticando a segurança do prédio, afirmava que o criminoso tinha a chave de seu apartamento. "Se ele tem a chave, porque, então arrombar a porta?", como afirmava o marido dela.
Casal tentou levar zelador para a cena do crime

Além de ter atribuído a morte de Isabella a um suposto ladrão, o casal Nardoni tentou atribuir suspeitas ao zelador do edifício London e a um funcionário terceirizado do condomínio. Tentou ainda, sem sucesso, levar o porteiro do prédio para a cena do crime. No relatório, a delegada Renata Pontes afirma que Alexandre poderia levantar suspeitas contra o porteiro caso ele tivesse entrado no apartamento antes da chegada dos policiais. "O que não seriam capazes de insinuar ao ser revelado que o porteiro estivera dentro do apartamento deles?", indaga a delegada.

A suspeita da polícia é confirmada pelo depoimento de Antônio Lúcio Teixeira, morador do apartamento 12 do edifício London. Segundo ele, Alexandre falou para o porteiro Valdomiro ir até o apartamento verificar se tinha alguém lá dentro. O mesmo vizinho impediu Valdomiro de deixar seu posto.

Várias testemunhas viram Anna Carolina com o bebê Kauã, de 11 meses, no colo. Nenhuma delas, porém, disse ter visto Pietro, de 3 anos, no andar térreo. Em depoimento, Alexandre Nardoni disse que o menino mais velho desceu pelo elevador em seu colo, juntamente com a mulher, que carregava Kauã.

Em seu depoimento, o avô materno de Isabella, José Arcanjo de Oliveira, classificou Anna Carolina como desequilibrada e disse que Alexandre demonstrava frieza durante o resgate da filha.

Vizinha de Antonio Nardoni, pai de Alexandre, Benícia Bronzati Fernandes narrou que Anna Carolina disputava atenção de Alexandre com Isabella. Chegou tirar a menina do colo do pai para ocupá-lo.


O Globo.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog