quinta-feira, 8 de maio de 2008

Promotor diz que, como pai, chegou a torcer pela inocência do casal

Mas ele afirma que tem provas concretas e confia que eles ficarão presos.
Em entrevista ao SPTV, ele explica processo e mostra próximos passos.

O promotor Francisco Cembranelli afirmou em entrevista ao SPTV, nesta quinta-feira (8), que "como cidadão e como pai, chegou a torcer para que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá não estivessem envolvidos no crime. "Desde o início da investigação, sempre usei a palavra cautela. Nunca houve objetivo do Ministério Público de responsabilizar o casal. Como cidadão e como pai, até torci para que eles não estivessem envolvidos”, disse Cembranelli.

O promotor afirma que tem provas concretas sobre o crime, defende a prisão do casal para agilizar o processo e confia que o desembargador Canguçu de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo, não vai conceder o habeas corpus que a defesa pretende pedir.


"O desembargador Caguçu de Almeida deixou claro na parte final de seu despacho que, futuramente, presentes os requisitos para decretação da prisão preventiva, poderia haver essa manifestação por parte do Poder Judiciário. Quando ele despachou, nós tínhamos 23 pessoas ouvidas. Hoje, temos mais de 60. Não tínhamos nenhum laudo anexado ao inquérito. Hoje temos todos. Um laudo do Instituto de Criminalística tem quase 100 páginas."

Para o Ministério Público, o casal deve ser mantido preso para acelerar o processo e para que a Justiça dê resposta à sociedade. "Se estivessem soltos, nós teríamos o julgamento daqui a cinco ou seis anos. É o meu objetivo que o julgamento seja ainda neste ano. A garantia da ordem pública não tem apenas a ver com a prevenção e não ocorrência de outros delitos. A sociedade espera que a Justiça seja firme. Sou partidário da idéia de que a cadeia não esteja reservada apenas a pobres, fracos e oprimidos. Eu entendo que o texto legal deve ser aplicado a qualquer um.

'Julgamento popular é inevitável'

O promotor afirma que a defesa pretende prorrogar ao máximo o processo e a promotoria segue no rumo inverso, tentando acelerá-lo. "Me parece que o propósito da defesa é realmente levar adiante para que a sociedade esqueça um pouco a morte de Isabella. E o meu propósito é justamente o contrário. Farei o possível e o impossível para que a sociedade não esqueça a morte de Isabella. Tenho confiança de que a impronúncia do casal não acontecerá. O julgamento popular é inevitável. "

Cembranelli não concorda com a prisão especial, mas defendeu a negociação da rendição do casal. "Há uma lei que garante isso. A lei precisa ser mudada. Nem compactuo com isso que acaba privilegiando algumas pessoas. [A negociação da rendição] foi um comportamento adotado pelos advogados. Essa negociação visava conturbar um pouco menos esse cumprimento dos mandados de prisão.

O promotor criticou juristas que afirmaram que o pedido de prisão preventiva baseado na garantia de ordem pública baseia se em jurisprudência ultrapassada. "Acredito que esses juristas não leram a minha manifestação. Lá eu cito doutrinadores extremamente modernos, um dos quais respeitável, assessor da presidência do Tribunal de Justiça. Na minha manifestação cito três jurisprudências oriundas do STF, uma das quais de lavra do atual presidente, Gilmar Mendes."

Cena do crime preservada

Cembranelli não acredita na separação dos processos. "A denúncia atribui a ambos a responsabilidade pela morte de Isabella. No momento não há possibilidade de cisão do julgamento. Se eles tivessem advogados diferentes, sim. Eles têm a mesma banca de advogados e acredito que o julgamento será único para os dois. "

O promotor defendeu enfaticamente que o local do crime foi corretamente preservado pela polícia. "Ninguém subiu entre a queda de Isabella e a chegada dos peritos. Tão logo a Polícia Militar foi chamada, mais de 30 policiais estiveram no prédio. Os peritos deixam consignado claramente no laudo que chegaram por volta de 4h e estava preservado o local pela Polícia Militar. Fizeram uma primeira vistoria minuciosa, saíram e retornaram para complementar a perícia. Eles deixam clara que a situação vista por eles foi a mesma vista quando da primeira visita. Os policiais não mexeram no apartamento. Os policiais não pegaram pano para limpar o apartamento. Em vez de o casal ficar criticando o que fizeram os peritos, deveriam explicar que sangue é esse dentro do carro. "

Cembranelli questionou a decisão da defesa de contratar perícia para analisar o apartamento. "Quando contrata alguém para dar um parecer, certamente esse parecer será a seu favor. Esses peritos que eventualmente serão contratados, eles jamais terão Isabella para periciar com os legistas tiveram e não terão o apartamento como os primeiros peritos tiveram. Vão contestar um papel, apenas isso. "

O promotor explicou os próximos passos do processo. "O juiz interrogará o casal em 28 de maio. Na mesma data vai ser designada o início da instrução criminal. Serão ouvidas as testemunhas que eu arrolei. São 16 testemunhas que constam no rol, mais três que eu pedi como sendo do juiz. Após a oitiva das minhas testemunhas, serão ouvidas as testemunhas arroladas pela defesa. E aí partiremos para a fase das alegações finais, ocasião em que eu certamente pedirei que eles sejam pronunciados e remetidos a júri popular. Pode haver no júri a inquirição de testemunhas, haverá debates e os jurados decidirão de acordo com a convicção. "

Cembranelli afirma que dorme tranqüilo. "Eu tenho absoluta segurança do que faço. Acredito nas minhas manifestações. Elas estão documentadas. Estou baseado em provas seguras. Com relação a isso não há qualquer peso na minha consciência. Agora, antes de promotor eu sou ser humano e pai. Respeito o sentimento das pessoas da família, mas tenho um propósito de vida: fazer com que a Justiça seja feita."


G1.

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