terça-feira, 20 de maio de 2008
Tráfico sob os olhos das autoridades
Área em torno da Secretaria da Segurança Pública continua sendo um ponto de venda e de consumo de crack
O consumo e o tráfico de drogas em Porto Alegre seguem ocorrendo sob o olhar das autoridades que cuidam da segurança pública no Estado.
Da janela do oitavo andar do prédio da Secretaria da Segurança Pública, a 10 passos do gabinete do secretário José Francisco Mallmann, equipes da RBS TV e de Zero Hora flagraram, de dia, o comércio de crack na região. O consumo se dá principalmente à noite, a cerca de 400 metros do prédio da secretaria, nas imediações da Rua Voluntários da Pátria.
No início de junho de 2002, ZH já havia flagrado a mesma rotina de consumo de drogas na região.
A maior parte dos traficantes que age na área vive no Loteamento Santa Terezinha, a antiga Vila dos Papeleiros. É ali que eles permanecem junto à calçada no aguardo de clientes que chegam de carro ou a pé. Os compradores precisam entregar o dinheiro, para receber a droga, buscada no loteamento.
- Tem que me dar o dinheiro na mão - disse o traficante.
Durante a noite, viaturas da Brigada Militar cruzam os pontos de consumo e venda de drogas com freqüência. No período em que as equipes da RBS permaneceram no local, não foram verificadas abordagens. Como forma de testar a agilidade da BM em resolver o problema, os repórteres telefonaram para o número 190, relatando a situação. Depois de uma hora de espera, nenhuma viatura apareceu.
Ainda mais próxima da zona de atuação dos vendedores de crack está a 17ª DP. Foi exatamente em frente à delegacia que um dos flagrantes foi feito. Quem se oferecia para buscar crack na vila era uma adolescente que se prostituía no local.
- Por que daria problema com a polícia? Capaz! - respondeu a garota, perguntada se a proximidade com a delegacia não seria empecilho.
Secretário diz que não é só um caso de polícia
A presença de consumidores e traficantes de crack tirou o sossego e a liberdade de ir e vir dos moradores. Um comerciante diz que vai se mudar para outro bairro, seguindo o caminho percorrido por vizinhos:
- Tenho grade na minha porta, na minha janela. Quer dizer, a gente está preso dentro de casa. Quando estou saindo com a minha filha, inclusive, procuro ficar mais na frente dela. Daqui a pouco uma bala perdida... se atingir, atinge eu, não vai atingir ela - comenta o morador.
Mallmann admitiu o problema e disse que os traficantes e consumidores retornam ao local logo após qualquer operação policial. E defendeu:
- Não é só uma questão de polícia. Todos os segmentos sociais têm responsabilidades.
O ouvidor-geral da Segurança, Adão Paiani, diz que o caso exige medidas imediatas:
- É uma desmoralização para as forças de segurança pública do Estado.
Zero Hora.
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