domingo, 8 de novembro de 2009

Crise na Segurança - Em debate, os limites

A crise em que a segurança mergulhou depois da veiculação das imagens de tortura na Penitenciária de São Pedro de Alcântara e no Presídio de Tijucas também serviu para jogar luz sobre os agentes prisionais. O deputado Edison Andrino (PMDB) lembrou que a categoria foi a última da área a ter um plano de carreira enviado para Assembleia Legislativa.

A convivência diária com criminosos resulta em ameaças de morte aos agentes prisionais. Há ainda relatos de presos que atiram água fervendo e urina nos agentes.

Outro método usado pelos detentos é ligar um fio da rede elétrica à porta da cela para dar choque quando um profissional da segurança vai abrir a grade.

Doutora em Psicologia e professora da Universidade Federal de Santa Catarina, Daniele Schneider afirmou que o cotidiano de ameaças pode causar estresse, ansiedade e tensão. Explicou que há situações em que o quadro é levado para fora do trabalho e atrapalha o convívio com a família.

Apesar disso, Daniele deixa claro que nada justifica a tortura a que os presos foram submetidos. O psicólogo policial Marcos Érico Hoffmann declarou que pesquisas de vitimologia demonstram que há possibilidades de o estresse diário causar uma explosão de sentimentos que faça perder o controle. Mas, ressaltou que existem mecanismos para reduzir esta probabilidade.

Exemplo são as polícias Civil e Militar que colocam avaliações psicológicas nos processos de seleção pessoal. As academias das duas corporações realizam cursos de atualização que buscam evitar a banalização de determinadas situações.

Muitos consideram que presos merecem apanhar

A professora da UFSC ressaltou que nas cadeias impera a cultura da violência. Esta característica está presente nos dois lados. Qualquer agressão é paga na mesma moeda, e o sistema acaba sendo retroalimentado.

Daniele Schneider alertou que todo o mal sofrido dentro das unidades prisionais pode ser devolvido em forma de crime quando o detento recupera a liberdade.

O psicólogo policial Marcos Hoffmann disse que castigos nunca tiveram amparo científico como forma de mudar comportamentos. Apesar das cenas de barbárie, muitas pessoas se manifestam a favor dos castigos impostos aos detentos. O psicólogo afirmou que boa parte da população considera os presos o lado nociva da sociedade, por isto não há protestos quando eles são submetidos a torturas.

Marcos declarou que as pessoas são adestradas a imaginar que o mal emana somente dos presos e não percebem que crimes do colarinho branco e desvio de dinheiro público também são prejudiciais. São as verbas que faltam para construção de escolas, investimento em saúde e segurança pública.

diario.com.br

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