segunda-feira, 11 de junho de 2012

A infidelidade conjugal pode motivar a vingança diabólica de matar e esquartejar?


Milton Corrêa da Costa
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Elize Araújo Kitano Matsunaga, de 38 anos, formada em Direito, está presa em nome da lei. Confessou à polícia, nesta quarta-feira 06/06, o bárbaro assassinato do marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, de 42 anos, com quem tem uma filha. O fato se deu no interior do apartamento em que residiam, na Zona Oeste de São Paulo, em 19 de maio último, tendo a homicida dispensado os serviços da empregada e da babá da filha momentos antes da cena diabólica. Crime certamante premeditado, apesar de Elize ter alegado em sua defesa ( indefensável) ter sido vítima de agressão durante uma discussão. Um tiro na nuca do marido, em seguida o esquartejamento do corpo com sangue por todos os lados (passaram-se dez horas entre o crime, o esquartejamento e a saída do apartamento com o corpo mutilado) desvencilhando-se do corpo, já separado por membros, em sacolas plásticas e transportando-o em três malas com rodinhas (as câmeras do circuito interno do elevador mostraram), para finalmente jogá-las numa área de matagal na localidade de Cotia, Grande São Paulo. Em princípio, a motivação do crime foi a provável comprovação de infedilidade conjugal por parte do marido.
Um crime macabro, diabólico, sanguinário, de fazer inveja ao mestre do suspense Alfred Hitchcock, que causa espanto e perplexidade em todos nós pela desproporcionalidade do ato frio, bárbaro e calculista. Uma autêntica cena (real) de filmes de terror muito em moda, tipo Jogos Mortais' ou 'Jogos Vorazes'. A primeira pergunta: Até que ponto o cinema, a televisão e Internet podem influenciar e criar bárbaros assassinos? Psiquiatras precisam começar a responder. Por sua vez, o crime de traição, conferiria o direito, ao cônjuge traído, como forma de saciar sua vingança ou ciúmes incontrolável, de matar pelas costas (lembremos do covarde crime do jornalista Pimente Neves contra sua namorada)? A traição será mesmo a justificativa para o crime de Elize Matsunaga ou apenas pano de fundo para em vertdade apoderar-se de um seguro de R$ 600 mil a ser deixado pelo marido? Teria a assassina sanguináriia agido sozinha para se desvincilhar das partes do corpo? Que tipo de instrumentos, perfuro-cortantes (somente faca?) foram utilizados para esquartejar o corpo? Elize Aráujo era possuidora de personalidade psicopática? Já era uma mente assassina? Ou era uma doente mental? Há histórico de vida que demonstre, até aquele macabro momento, a hiperagressividade da homicida?
São perguntas que precisarão ser respondidas pela polícia e por psiquiatras para a elucidação plena de um crime brutal com todos os requintes de perversidade, frieza e vingança. O pior é que tais delitos, envolvendo infidelidade conjugal, têm sido rotina entre casais. Algumas vezes o enredo de crimes semelhantes tem outro fim trágico. Na madrugada de 02 de fevereiro último, um empresário. que acabara de assassinar a facadas sua mulher, suicidou-se, também a golpes de faca (provavelmente a mesma usada para matar a mulher) num quarto de um motel em Belo Horizonte. Onze minutos depois de assassinar a mulher, uma procuradora - os dois filhos pequenos estavam em casa- o empresário entrou sozinho no motel e se matando com 28 perfurações de faca no corpo. A causa da tragédia a infidelidade conjugal do marido. A mulher descobriu que ele tinha uma amante e queria a separação. O marido não aceitava. Depois de beber naquela noite cometeu o bárbaro crime e se matou, provavelmente arrependido pela insensatez cometida.
As perguntas que ficam são: Será que a infidelidade conjugal, pelo modo mais lógico, humano e racional, não deve ser resolvida pelo direito do cônjuge traído da separação e do divórcio? Ou os traidores, mesmo flagrados pela infidelidade, tem o direito de ameaçar a integridade física da mulher traída para que mantenha, perante à sociedade, a aparência normal do casamento? O que leva seres humanos à prática de crimes tão cruéis (não se pode esquecer do bábaro crime do casal Nardoni)? O amor pode se transformar numa relação doentia e possessiva? Que pena merece a homicida Elize Matsunaga? Que tipo de sequelas irão adquirir os filhos, de uniões destroçadas de forma tão trágica? As crianças terão que pagar, ad eternum, pelos erros e atos bárbaros de seus pais? O que dizer agora aos pais da vítima, Marcos Matsunaga? Que seu filho, por ter pulado a cerca, foi condenado à pena capital e ao esquartejamento? Esta aberta a difícil e polêmica discussão sobre um tema que certamente não gostaríamos de abordar, mas que infelizmente faz parte da insensatez humana.
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Milton Corrêa da Costa é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro

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