sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Para especialista, machismo causa exploração sexual de crianças


O machismo foi apontado como responsável pela exploração sexual de crianças e adolescentes, ontem, em audiência da Comissão de Direitos Humanos (CDH). A avaliação foi feita pelo coordenador-geral do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes, Vicente Faleiros.
Angelica, Paim, Marise e Faleiros debatem denúncias de 
abusos sexuais
— Essa atividade fundamentalmente econômica é tolerada pela sociedade porque está vinculada à cultura do machismo, à ideia de que se pode usar o corpo da mulher — afirmou.
Faleiros disse que o mercado da exploração é diversificado. Envolve aliciadores ao lado de escolas, taxistas, agentes de turismo, gestores de hotéis, vendedores de praia. As vítimas em geral são meninas negras, de 12 a 17 anos, em situações de pobreza e falta de escolaridade.
A secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Angelica Goulart, disse que o governo se preocupa com estados do Norte e Nordeste, onde a proteção ainda é frágil. Ela citou São Gabriel da Cachoeira (AM), onde há denúncias de pedofilia com meninas indígenas.
Os participantes da audiência, presidida por Paulo Paim (PT-RS), reforçaram a importância de comunicar abusos por meio de canais como o Disque 100 (Disque Direitos Humanos). Segundo Angelica, mais de 400 operadores ficam 24 horas de plantão em todo o Brasil. Ela disse que o governo está alerta às regiões de fronteira, às cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 e às construções de usinas hidrelétricas.
Márcia Freitas Vieira, da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Polícia Rodoviária Federal, falou do Projeto Mapear, que há dez anos faz o mapeamento dos pontos vulneráveis à exploração sexual nas rodovias. Para ela, a estabilização da quantidade é positiva porque houve aumento da malha rodoviária, do número de veículos e dos estabelecimentos comerciais em rodovias. Pontos críticos foram reduzidos em 12%. Márcia atribuiu os resultados ao trabalho repressivo da polícia, a políticas públicas e à conscientização da sociedade.
A psicóloga Marise  Abrantes reforçou a importância do vínculo afetivo entre mãe e filho na idade de zero a 1 ano para reforçar a autoestima e prevenir o abuso. Ela observou que os abusadores tendem a ter histórico de fragilidade psíquica. Assim, a criança abusada pode perpetuar o abuso na vida adulta.
Jornal do Senado

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