quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Quase 37 mil adolescentes serão mortos no Brasil até 2016, diz estudo do Unicef



  • Maiores vítimas são jovens do sexo masculino e negros
  • A maior parte é morta por arma de fogo

  • RIO - Até 2016, um total de 36.735 brasileiros entre 12 e 18 anos não chegará ao fim da adolescência. Se a tendência revelada pelo Índice de mortalidade de adolescentes (IHA) estiver correta, este será o número de adolescentes assassinados no País nos próximos quatro anos. Os dados mais recentes do IHA, divulgados ontem no Rio, indicam uma discreta redução da violência contra jovens no Sudeste, mas um aumento preocupante no Nordeste, justamente em cidades onde a desigualdade social está em queda. Estes resultados levaram os pesquisadores responsáveis a admitir a possibilidade de relação entre crescimento econômico e violência.



    Os dados alertam ainda que, para cada mil pessoas de 12 anos, 2,98 serão assassinadas antes de completar 19 anos, o que representa um aumento de 12% em relação a 2009, quando o índice foi de 2,61. A maioria das vítimas é homem e negro. Para a psicóloga Raquel Willadino, coordenadora do Programa de Redução da Violência Letal, o número tem a mangnitude de um genocídio e demonstra também que as políticas públicas não conseguiram avançar neste campo
    Ao levar em conta os dados de mortalidade de 2009 e 2010, apenas para os municípios com mais de cem mil habitantes, o IHA aponta a situação do Nordeste como a mais grave. Na região, 4,28 em cada mil adolescentes hoje com 12 anos serão assassinados antes de alcançar os 19 anos. Isso equivale a uma estimativa de 11.818 homicídios no conjunto dos municípios de 2009 a 2015. Já o Sudeste apresentou o menor valor (1,88 por mil), embora abrigue cidades onde os índices são alarmantes, como Cabo Frio, cidade economicamente emergente na Região dos Lagos, que amarga a previsão de 6,92 vítimas.
    — Por mais paradoxal que pareça, a população destes lugares cresce e se desenvolve economicamente convivendo com a aceleração da violência - observa Ignacio Cano, pesquisador do do Laboratório de Análise da Violência da Uerj.
    Um corte nos índices, mantendo apenas as cidades com mais de 200 mil habitantes, classifica nove cidades nordestinas entre as 20 mais violentes do País. O município de Itabuna, na Bahia, lidera o ranking de homicídios contra adolescentes em cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, com 10,59 mortes para cada grupo de mil adolescentes. Em seguida, aparecem os municípios de Maceió (AL), com 10,15, e Serra (ES), com 8,92. Do Rio, só uma aparece: Dique de Caxias, com 6,35.
    A quarta edição do IHA, feito em parceria com o Observatório de Favelas do Rio, Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj), e a Secretaria de Direitos Humanos confirmou a influência de sexo, cor, idade e meio utilizado no homicídio na probabilidade de ser vítima de assassinato. Em 2010, os adolescentes do sexo masculino apresentavam um risco 11,5 vezes superior ao das adolescentes do sexo feminino, e os adolescentes negros, um risco 2,78 vezes superior ao dos brancos.
    — A violência persegue a desigualdade - lamenta Helena Oliveira, da Unicef.
    Entre as idades de 12 a 18 anos, 45% das mortes são provocadas por homicídios. Porém, para a população em geral, o homicídio representa somente 5,1%. Os adolescentes têm um risco 5,6 vezes maior de serem mortos por meio de arma de fogo do que por qualquer outro.

    O Globo. 
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